sábado, 3 de julho de 2010

O Museu e o Historiador

O presente texto é parte integrante de uma palestra proferida no Centro Universitário Salesiano em 2008, em Lorena.
E apresentado aqui com formato sucinto para que os leitores possam raciocinar sobre alguns aspectos e conceitos pensados e aplicados atualmente nas instituições museais.
Assim, quando o leitor visitar grandes ou pequenos museus poderá identificar, de forma ampliada, a realidade dos museus, principalmente no interior do Estado. Além de poder conhecer melhor toda a estrutura de funcionamento e o quadro de funcionários.

Histórico-Museu

Até a década de 1990

-museus de caráter específico – guardar coisas velhas;
-enaltecimento das elites – sem vínculo passado-presente;
-incapacidade de resposta aos interesses comuns;
-falta de vínculo com a realidade;
-sentido pejorativo – confusão de conceitos;
-passado e memória;
-falso sentido da história;
-inexistência da noção e do valor do patrimônio; e
-confusão do público e privado – extensão doméstica.

Pós-década de 1990

Novo Conceito para Museu
-instituição multidisciplinar;
-local de encontro de culturas;
-local para ações e reflexões;
-aprendizado informal – prática, criatividade e interação;
-criação de novos conceitos e conhecimentos;
-despertar consciência – interação com a história, memória e com o patrimônio; e
-local de atuação de diversos profissionais.

O Museu e os Profissionais

-Local privilegiado de ações envolvendo diversas visões de mundo a partir das experiências dos profissionais

-museólogo;
-administrador;
-arquivista;
-bibliotecário;
-restaurador;
-artista plástico e outras categorias;
-educador;
-técnicos da área de informática;
-psicólogos;
-assistentes sociais;
-profissionais do turismo;
-voluntários;
-historiador e
-outros profissionais da ciência e tecnologia.

Áreas e Departamentos

O museu deve ser um conjunto de departamentos bem definidos e estruturados de acordo com a realidade da instituição

-setor administrativo;
-setor educacional;
-setor técnico;
- serviço de assessoria de comunicação e
-setores diversos de atendimento – educacional e comercial e de manutenção.

Estrutura Física

A instituição museal tem áreas específicas para atendimento dos diversos serviços oferecidos ao público e a manutenção da mesma.

-área expositiva;
-área expositiva temporária;
-reserva técnica;
-parte administrativa;
-área técnica – laboratórios diversos e
-setores diversos de atendimento ao público.

Museus – Tipologias

Existem inúmeras categorias de museus, classificados de acordo com o acervo ou categoria do conhecimento, comportando ou não mais de uma modalidade:

-iconográficos;
-etnológicos;
-históricos;
-biográficos;
-sem acervos materiais (cultura imaterial ou tecnológico e virtual);
-mobiliários;
-arte Sacra;
-artes em geral e
- outros.

Problemas e Deficiências Atuais

O museu padece de sérios problemas de origens diferentes:
-falta de mão-de-obra qualificada;
-baixos salários e instabilidade profissional;
-falta de verbas;
-falta de uma política pública;
-ausência de ações culturais programadas a longo prazo ;
-ausência de comunicação e interação com a comunidade e meios de comunicação e
-falta de comprometimento com a realidade: ensino.

Projetos Educacionais e Culturais no Museu

Como instituição multidisciplinar, o museu pode desenvolver infinitos projetos educacionais e culturais, baseados principalmente na feitura de programas a curto e longo prazo, preenchendo vazios deixados por setores similares, independentes do acervo que possuam
Para valorizar o patrimônio material e Imaterial de uma região e de uma comunidade o museu realiza:

-teatro;
-música;
-literatura;
-pesquisa escolar e acadêmica;
-lançamento de livros
-cursos;
-workshops;
-monitoria e
-programas para públicos especiais.

O Historiador no Contexto Museal

O historiador e o professor de história têm exercido um papel fundamental dentro da instituição, tendo como base de seu trabalho a formação de consciência das novas gerações de indivíduos dentro da sociedade, através de meios e suportes diversificados de ação, buscando informações que façam conhecer ou esclarecer os laços que possam intermediar um diálogo de passado, presente e futuro, valorizando a cultura como um meio de democratizar o ser humano vivendo em comunidade.

Setores de Atuação do Historiador
O historiador faz um passeio por todos os setores que compõe a instituição, desenvolvendo a criatividade:

-na Pesquisa sobre o acervo do museu;
-na classificação de acervos documentais, tendo como base a disponibilidade dos mesmos;
-na Monitoria qualificada;
-no Desenvolvimento de projetos culturais;
-no apoio teórico na restauração e conservação;
-no Auxílio de Pesquisa Acadêmica;
-na elaboração de guias do acervo;
-na avaliação das peças adquiridas pela instituição;
-construção de uma identidade do museu;
-no serviço de interação com os meios de comunicação;
-na aquisição de obras de referência para biblioteca;
-no entrosamento com a escola pública e
-no programa de digitalização de fotografias e documentos

Atitudes do Historiador no Museu

-o historiador deve assumir algumas posturas críticas quanto aos programas desenvolvidos na instituição;
-estar em constante trabalho de reciclagem do conhecimento e aperfeiçoamento das formas de atuação;
-não ter medo de conhecer o seu ofício, colocando a mão na massa. Conhecer arquivos, instituições similares, documentos e revistas especializadas;
-constante contato com outros profissionais para troca de idéias, procurando evitar que a sua instituição seja estanque;
-ter amor e tomar uma atitude consciente do trabalho quer realizar;
-treinar e não ter medo da criatividade e
-acreditar no que faz. Errar é humano.

Imagem: Vista áerea do Museu Paulista - São Paulo-SP. In:www.usp.br/cpc/cpcinfo/cpcinfo-0402.html (acessado em 03/07/2010)


Joaquim Roberto Fagundes

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