.jpg)
Mas é relevante lembrar que o construir da história é dinâmico e que, enquanto ciência, ela possibilita novas abordagens, análises e interpretações acerca de fatos irrelevantes e, neste sentido, o que parece óbvio pode revestir-se de significados profundos mediante a releitura dos fatos, na medida em que o historiador infere e dialoga com questões próprias e subjetivas do seu objeto.
Portanto, a abordagem histórica de um mesmo tema não é necessariamente fato consumado, principalmente quando variáveis externas exigem um posicionamento didático em linhas simples e com foco na disseminação do conhecimento a um público leigo.
Na busca por um ordenamento objetivo, de linguagem acessível e positivista, surgem premissas de percepção irrelevante e, consequentemente, questionamentos que desatentamente perderam a racionalidade diante do domínio das grandes estruturas e categorias analíticas da história. Deste modo, o que antes era imperceptível pode suscitar novas comparações e análises, abrindo perspectivas amplas para a produção historiográfica de caráter reiterado e dinâmico. Do contrário, a história seria estática e desvinculada dos preceitos sociais de atender uma demanda coletiva pelo conhecimento.
E, Francisco de Paula Rodrigues Alves, no bojo destas perspectivas, faz perceber, durante o processo de retorno aos dados biográficos, uma indagação fugida, simplista e fundamental para entender o processo social, econômico e político de dois períodos importantes da História do Brasil, seja por quesitos acadêmicos ou escolares: Império e República. A gênese e a metamorfose na ascensão política do personagem enquanto resultado do meio.
Além de tudo, em se considerando a abrangência coletiva do tema, traria a possibilidade do micro olhar acadêmico, numa extremidade, e a disseminação do conhecimento amplo em outra, enquanto mote de retomada da biografia e da história em linguagem simples para o público escolar dentro de um viés de caráter mais profundo.
No caso da vida e obra de Rodrigues Alves, a assertiva encaixa perfeitamente; por conhecer o que possibilitou a ascensão política entrelaçada com a própria história da época. E a releitura para observar outras variáveis possíveis ainda não objetos de abordagem no seio acadêmico.
A ascensão no meio político brasileiro tem o seu porque e a sua explicação, e torna-se interessante quando nos lembramos de uma frase dita por político da época: que “Rodrigues Alves se parecia muito mais com um presidente de câmara municipal do que com um presidente da República”. Surgindo, então, outra indagação: como um homem de uma pequena vila paulista tornou-se um estadista, um político privilegiado dentro do partido e na nação? Um homem a quem muitos recorreram na casa de Guaratinguetá.
A razão está em inúmeras variáveis, muitas anteriores ao seu nascimento, em fatos e costumes sedimentados em séculos de história.
Será necessário, portanto, para entender a colocação de Rodrigues Alves no mais alto patamar da política, demonstrar a situação social, econômica e política do século XIX, tendo como pertinência uma estrutura positivista: 1848 – 1873 - Nascimento e origens familiares, a educação de uma época (1850-1860) – Primeiras Letras, Escolas e Bacharelado em Letras (Colégio Pedro II) – Largo de São Francisco e o bacharelado em Direito na política (1861-1865); 1865-1872 - O Retorno para a vila – advocacia e relacionamento social e político em Guaratinguetá; 1873-1875 – A aventura política por herança, o casamento e a experiência provincial; 1875-1902 – Ideais e experiência adquirida.
Imagem: Francisco de Paula Rodrigues Alves. Acervo do Museu H.P. Conselheiro Rodrigues Alves.
Nenhum comentário:
Postar um comentário