O documento oficial produzido por inúmeras instâncias jurídicas e administrativas ao longo da história do Brasil não reflete a realidade ampla da sociedade. Mesmo porque, tanto o documento, como o historiador que o manipula, não consegue chegar ao real vivido. E, portanto, existem aproximações, olhares e conclusões sobre a realidade.
Mas, a história pode contar com alternativas, como a literatura, que reflete aspectos intimistas da realidade, embora contenha os mesmos perigos dos documentos oficiais. Um exemplo pontual e interessante é a produção literária regional, pela sua importância intimista de conhecer e entender a realidade mais próxima do cotidiano humano, e como resultado da experiência e da interação mais direta do autor com o meio social, econômico, político e mental.
Existem centenas de obras esquecidas ou mesmo perdidas na área regionalista, principalmente as produzidas na primeira metade do século XX. Obras que, mesmo de conhecimento restrito, são raramente lidas ou utilizadas. Como a produção cabocla do escritor valeparaibano Waldomiro da Silveira retratando o mundo rural da região sob outra perspectiva e diferenciada de outras obras, como as do escritor Monteiro Lobato.
Em suas obras o protagonista é o caboclo, com linguagem peculiar e mentalidade ao contrário do fausto do café e das grandes fazendas. Para a história, um olhar diferente e amplo, que expressa o que a linguagem oficial do documento não consegue transmitir. A cultura letrada suplantada como meio de captar o pensamento do homem rural sobre os acontecimentos diários da sobrevivência pessoal e da família, longe dos círculos de poder e riqueza.
Segundo Alfredo Bosi, o escritor traz quadros de paixões elementares, tendência para o patético e para o trágico e, “onipresente, a preocupação com o registro exato dos costumes interioranos” (BOSI, p. 237), como a história de um sitiante que, contraindo lepra, deve abandonar a própria família afundando-se no mato como um réprobo, na obra “Os Caboclos”. Assim, para o Vale do Paraíba ressuscitar e incitar a leitura de um homem que era caipira de coração é resgatar um patrimônio imaterial importante para entender costumes que até hoje sobrevivem, embora diante de um mundo renovado. Museus, escolas e projetos culturais espalhados pela região deveriam olhar com maior carinho para suas obras, a ponto de desenvolver atividades lúdicas de compreensão da herança deixada pelo homem da roça e que ainda afeta a vida nos dias atuais.
Referências
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1970.
Imagens: http//www.sebodomessias.com.br (acessado em 15/07/2010)
educacao.uol.com.br/.../valdomiro-silveira.jhtm (acessado em 15/07/2010)
Mas, a história pode contar com alternativas, como a literatura, que reflete aspectos intimistas da realidade, embora contenha os mesmos perigos dos documentos oficiais. Um exemplo pontual e interessante é a produção literária regional, pela sua importância intimista de conhecer e entender a realidade mais próxima do cotidiano humano, e como resultado da experiência e da interação mais direta do autor com o meio social, econômico, político e mental.
Existem centenas de obras esquecidas ou mesmo perdidas na área regionalista, principalmente as produzidas na primeira metade do século XX. Obras que, mesmo de conhecimento restrito, são raramente lidas ou utilizadas. Como a produção cabocla do escritor valeparaibano Waldomiro da Silveira retratando o mundo rural da região sob outra perspectiva e diferenciada de outras obras, como as do escritor Monteiro Lobato.
Em suas obras o protagonista é o caboclo, com linguagem peculiar e mentalidade ao contrário do fausto do café e das grandes fazendas. Para a história, um olhar diferente e amplo, que expressa o que a linguagem oficial do documento não consegue transmitir. A cultura letrada suplantada como meio de captar o pensamento do homem rural sobre os acontecimentos diários da sobrevivência pessoal e da família, longe dos círculos de poder e riqueza.
Segundo Alfredo Bosi, o escritor traz quadros de paixões elementares, tendência para o patético e para o trágico e, “onipresente, a preocupação com o registro exato dos costumes interioranos” (BOSI, p. 237), como a história de um sitiante que, contraindo lepra, deve abandonar a própria família afundando-se no mato como um réprobo, na obra “Os Caboclos”. Assim, para o Vale do Paraíba ressuscitar e incitar a leitura de um homem que era caipira de coração é resgatar um patrimônio imaterial importante para entender costumes que até hoje sobrevivem, embora diante de um mundo renovado. Museus, escolas e projetos culturais espalhados pela região deveriam olhar com maior carinho para suas obras, a ponto de desenvolver atividades lúdicas de compreensão da herança deixada pelo homem da roça e que ainda afeta a vida nos dias atuais.
Referências
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1970.
Imagens: http//www.sebodomessias.com.br (acessado em 15/07/2010)
educacao.uol.com.br/.../valdomiro-silveira.jhtm (acessado em 15/07/2010)
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