Até a segunda metade do século XIX era costume dar enterro aos falecidos dentro das igrejas e capelas ou em pequenos cemitérios situados na parte detrás das mesmas e conhecidos como adros, que ainda existe em capelas situadas em pequenos bairros rurais antigos.
Mas, em sua maior parte, eram sepultados no interior da igreja, nos mais diversos locais, de acordo com sua posição social. Os mais importantes ficavam nos arcos próximos ao altar, e outros nas laterais, no chão ou nas paredes, próximos aos degraus da entrada e do altar, e junto aos altares laterais.
Mas, em sua maior parte, eram sepultados no interior da igreja, nos mais diversos locais, de acordo com sua posição social. Os mais importantes ficavam nos arcos próximos ao altar, e outros nas laterais, no chão ou nas paredes, próximos aos degraus da entrada e do altar, e junto aos altares laterais.
Naquele tempo, os óbitos e o sepultamento eram registrados em livros próprios da igreja, que assinalavam estes locais, mas infelizmente não designava o nome e a data de falecimento. Em raros casos, eram identificados padres que serviram naquela paróquia.
Geralmente enterrava-se o branco, muito embora tenhamos registros de negros e mulatos sepultados em seu interior que, com certeza, eram escravos alforriados ou escravos de grande estima por parte de seus senhores. E, os escravos, muitos deles, foram sepultados na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que existia onde atualmente encontra-se a Padaria Nossa Senhora do Rosário, na esquina da Praça Conselheiro Rodrigues Alves com a Rua Monsenhor Filippo.
Existiam, também, no interior das igrejas, outros locais destinados a sepulturas pertencentes às inúmeras irmandades existentes daquele tempo.
Somente após 1850 é que surgiram os cemitérios públicos, como o caso do Cemitério do Senhor dos Passos, que ainda possui um tumulo datado de 1858, e o Cemitério do Alto das Almas, do mesmo período e que desapareceu a partir da construção da Rodovia Presidente Dutra, no bairro do mesmo nome. Tratava-se, portanto, naquele momento, de uma questão de saúde pública e do perigo e risco que os corpos ofereciam aos fiéis que todos os domingos dirigiam-se para a missa ou para uma oração.
Porém, antes do sepultamento, merece menção o cerimonial e a simbologia para dar baixa na sepultura.
No caso das pessoas com maior posse, todas as formalidades eram estabelecidas antes da morte do defunto, que designava em testamento o local onde gostaria de ter sepultura, se numa tumba própria de sua irmandade ou em outro local privilegiado. Designava a quantidade de missas que deveria ter com o corpo presente; para quais pessoas e santos se diriam as missas (de acordo com a devoção do testador), pagando para tanto um valor ao padre vigário apenas quando se processava o inventário dos bens do defunto. Indicava, também, missas em intenção de sua alma e das almas do purgatório, de amigos e parentes, e o valor das esmolas a serem distribuídas para os pobres em sufrágio de sua alma. E, mais, solicitava o acompanhamento do corpo por vários padres residentes na paróquia, das cruzes das fábricas (estandarte da administração da igreja) e determinava a quantidade de mementos (música) a serem cantados na rua durante o deslocamento do corpo e qual a mortalha que cobriria o corpo.
Deste modo, cumpria-se a vontade do morto e toda a simbologia que encerrava o espetáculo da morte, com base na crença religiosa que vinha desde os tempos da Idade Média, onde havia a preocupação com a vida pós-morte e a entrada do morto no reino do céu. Pedia-se perdão e clemência pelos rituais e atitudes de humildade para com os santos de devoção e para com os desafortunados através da distribuição de esmolas. Só não fazia testamento os pobres e aqueles que morriam de repente e, mesmo assim, os familiares providenciavam alguma coisa, mesmo que fosse apenas uma mortalha branca ou preta e uma rede para carregar o defunto.
Como diz o título do livro do historiador João José Reis: a morte é uma festa.
Joaquim Roberto Fagundes.
Geralmente enterrava-se o branco, muito embora tenhamos registros de negros e mulatos sepultados em seu interior que, com certeza, eram escravos alforriados ou escravos de grande estima por parte de seus senhores. E, os escravos, muitos deles, foram sepultados na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que existia onde atualmente encontra-se a Padaria Nossa Senhora do Rosário, na esquina da Praça Conselheiro Rodrigues Alves com a Rua Monsenhor Filippo.
Existiam, também, no interior das igrejas, outros locais destinados a sepulturas pertencentes às inúmeras irmandades existentes daquele tempo.
Somente após 1850 é que surgiram os cemitérios públicos, como o caso do Cemitério do Senhor dos Passos, que ainda possui um tumulo datado de 1858, e o Cemitério do Alto das Almas, do mesmo período e que desapareceu a partir da construção da Rodovia Presidente Dutra, no bairro do mesmo nome. Tratava-se, portanto, naquele momento, de uma questão de saúde pública e do perigo e risco que os corpos ofereciam aos fiéis que todos os domingos dirigiam-se para a missa ou para uma oração.
Porém, antes do sepultamento, merece menção o cerimonial e a simbologia para dar baixa na sepultura.
No caso das pessoas com maior posse, todas as formalidades eram estabelecidas antes da morte do defunto, que designava em testamento o local onde gostaria de ter sepultura, se numa tumba própria de sua irmandade ou em outro local privilegiado. Designava a quantidade de missas que deveria ter com o corpo presente; para quais pessoas e santos se diriam as missas (de acordo com a devoção do testador), pagando para tanto um valor ao padre vigário apenas quando se processava o inventário dos bens do defunto. Indicava, também, missas em intenção de sua alma e das almas do purgatório, de amigos e parentes, e o valor das esmolas a serem distribuídas para os pobres em sufrágio de sua alma. E, mais, solicitava o acompanhamento do corpo por vários padres residentes na paróquia, das cruzes das fábricas (estandarte da administração da igreja) e determinava a quantidade de mementos (música) a serem cantados na rua durante o deslocamento do corpo e qual a mortalha que cobriria o corpo.
Deste modo, cumpria-se a vontade do morto e toda a simbologia que encerrava o espetáculo da morte, com base na crença religiosa que vinha desde os tempos da Idade Média, onde havia a preocupação com a vida pós-morte e a entrada do morto no reino do céu. Pedia-se perdão e clemência pelos rituais e atitudes de humildade para com os santos de devoção e para com os desafortunados através da distribuição de esmolas. Só não fazia testamento os pobres e aqueles que morriam de repente e, mesmo assim, os familiares providenciavam alguma coisa, mesmo que fosse apenas uma mortalha branca ou preta e uma rede para carregar o defunto.
Como diz o título do livro do historiador João José Reis: a morte é uma festa.
Joaquim Roberto Fagundes.
Imagens - à esquerda, antiga matriz de Guaratinguetá, em 1821, por Thomas Ender; à direita, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos no começo do século XX. In: MOURA, Carlos Eugênio Marcondes de. Visconde de Guaratinguetá - Um titular do café no Vale do Paraíba.
Olá, espero q ainda possa responder, tendo em vista a data do artigo. Gostaria de saber o que aconteceu com a Igreja N. Sra.do Rosário dos Homens Pretos. É uma pena que não exista mais. Obrigada
ResponderExcluirEu nunca imaginei na minha vida q um dia pudesse existir uma igreja como essa no centro de Guaratinguetà sem ser a Matriz eu desejaria saber mas sobre este assunto
ResponderExcluirFantástica história. O que aconteceu com a Igreja do Rosário? e parabéns pelo site!
ResponderExcluirTambém fiquei super curioso com o fim dessa igreja ao qual desconhecia a existencia
ResponderExcluirUma informação que tenho é que na revolução de 1932 ela foi bombardeada e parte dela foi destruída, com a falta de dinheiro para a reconstrução foi demolida de vez.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir