terça-feira, 17 de agosto de 2010

Tema para o Simpósio de História do Vale do Paraíba - Nossa Proposta foi Vencedora

A documentação do Vale do Paraíba sempre foi uma preocupação em minha experiência de vinte e cinco anos trabalhando com pesquisa histórica. Primeiro por conhecer de perto a riqueza nela contida; em segundo, por ver a situação de conservação e guarda dos acervos da região; em terceiro, por saber que minimamente foi utilizada para o aprimoramento do conhecimento histórico na região.
Partindo dessas premissas é que propus no último dia 14 de agosto, em São Luiz do Paratinga, o tema “Documentação, Pesquisa e Educação: Um Novo Pensamento para a História do Vale do Paraíba”, que foi aprovado e que será discutido no próximo Simpósio de História do Vale do Paraíba, no Centro Salesiano de Lorena, sob a batuta do Instituto de Estudos Valeparaibanos.
Em todos esses anos, poucos foram os historiadores que renovaram a historiografia valeparaibana por meio de documentos inéditos. Poucas foram as medidas de preservação colocadas em prática. A falta de incentivo por parte das academias e das universidades, e o precário ensino da história e da arquivística deram margem para tais situações. A região está ilhada, necessitando urgentemente viabilizar projetos de conservação, guarda e elaboração de instrumentos de pesquisa capaz de colocar a região no rol de desenvolvimento alcançado por outras localidades do país, para, assim, acompanhar as novas tendências historiográficas em pauta nos mais importantes cursos de pós-graduação. O Vale do Paraíba é uma das mais antigas regiões de São Paulo e, portanto, com um patrimônio antigo a ser preservado. E, na onda de preservação do meio ambiente e da cultural imaterial, ficaram esquecidos os arquivos e os documentos.
E, para tanto, é adequado colocar em pauta três grandes eixos importantes para o tema: a conservação e divulgação das fontes documentais, a pesquisa histórica na região, educação e pesquisa histórica na construção do conhecimento e da cidadania.
O primeiro, pela situação de muitos arquivos, particulares, institucionais ou governamentais, estarem em condições precárias de guarda e conservação, por falta de conhecimento, informação e gestão adequada. São situações que demandam projetos técnicos elaborados por profissionais de diversas áreas e, portanto, orçamentos específicos e de alto custo; o que obriga a recorrer ao incentivo cultural, por vezes, complicados, burocráticos e desconhecidos, por grande parte dos dirigentes e funcionários detentores de acervos. A proposta seria colocar em pauta as diferentes demandas existentes no setor, desde as configurações técnicas de abrigar, conservar e divulgar, até as questões de ordem burocrática técnica para elaboração de projetos e captação de verbas, congregando elementos das esferas governamentais, acadêmicas (gestores, professores e alunos), pesquisadores, e o mais importante, as comunidades onde existem acervos, pois a principal meta da preservação e divulgação de um patrimônio advém do conhecimento de sua importância por parte da população.
O segundo eixo, a pesquisa histórica no Vale do Paraíba, se reveste na intenção de criar novos mecanismos de incentivo à pesquisa e ao conhecimento das fontes existentes, bem como a contínua prática e exercício da profissão de historiador, principalmente na seara acadêmica, com o fim de escrever, reescrever e pensar a região, de maneira que seja aceita e reconhecida de qualidade e de superior contribuição para o conhecimento. Dentro destes pressupostos, entra em discussão, entre tantos itens, o ensino da pesquisa histórica nas academias da região, a prática de conhecimentos teóricos obtidos na graduação sob a perspectiva de estágios em arquivos; leitura e interpretação de documentos; continuidade dos trabalhos de conclusão de curso (TCC); iniciação científica; e encaminhamento, através de cotas, de alunos de faculdades particulares regionais para os cursos de pós-graduação das grandes universidades brasileiras, com temáticas que coloque em pauta o Vale do Paraíba. Formação de grupos de estudos continuados seja dentro ou fora das universidades, incentivados por entidades como a FAPESP, CNPq e outras.
O terceiro e último eixo, a questão fundamental do ensino da história nas escolas particulares e públicas na região, tendo em vista a valorização do patrimônio e da cidadania através do estudo histórico, aplicando para tanto, propostas que transformem a pesquisa histórica em conhecimentos disseminados para a comunidade pela via da educação na fase de formação do individuo. Projetos que possibilitem trabalhar com documentos em salas de aula, de maneira lúdica, onde se deve discutir temas que despertem a busca do conhecimento pela pesquisa.
Assim, quero crer que as possibilidades de mudança estão abertas e todas as propostas para elaboração de um simpósio de qualidade serão bem aceitas. Que os responsáveis pela organização do próximo simpósio do IEV estejam atentos para as ideias aqui colocadas como de outras que virão. Vamos continuar com o tema.
Agradeço o apoio do Professor Nelson Pesciotta, Presidente do IEV; Professor Diego Amaro de Almeida; alunos, ex-alunos e professores de História da Unisal, e a todos os presentes na Assembléia de aprovação do tema.

Um comentário:

  1. Olá Joaquim,
    Trabalho no Arquivo Histórico de Taubaté juntamente com a prof. Lia Carolina e estavamos presente nesse dia da aprovação do tema. Tema que nos agradou imensamente. Parabéns pela iniciativa!
    Estamos passando por dificuldades que você relatou ao longo do presente texto. Deixo o link do jornal O Vale que explica melhor a situação:
    http://www.ovale.com.br/cmlink/o-vale/regi-o/burocracia-p-e-em-risco-acervo-cultural-de-taubate-1.29834

    Se tudo correr bem, estaremos prestigiando o Símposio do ano que vem com muita satisfação!

    AManda Monteiro

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