Francisco de Paula Rodrigues Alves foi escolhido pelo
Partido Republicano Paulista (PRP) para concorrer ao cargo máximo da República,
em substituição a Campos Salles, que realizara um governo de austeridade com
intuito de equilibrar as finanças públicas combalidas durante o governo dos
três primeiros presidentes. O que deixou o país em condições satisfatórias,
possibilitando ao governo seguinte a realização de obras de grande envergadura.
A eleição realizou-se em 1º de março de 1902, obtendo o
Conselheiro Rodrigues Alves a totalidade de 592.039 votos, contra 288.285 do
seu adversário, o mineiro Afonso Pena.
Resultado esse que, embora mostrasse a força política paulista, não
refletia o acirramento nos bastidores por um nome de consenso nacional. Os tramites
das trocas e favorecimentos aconteciam sem que muitas das vezes a opinião
pública pudesse ter informações corretas. O que também ocorria durante o
processo de escolha dos novos ministros por parte do presidente eleito.
E neste último caso, entre a efetiva eleição e a posse na
presidência, Rodrigues Alves recolheu-se, na maior parte do tempo, na sua
residência de Guaratinguetá, com o objetivo de escolher os nomes de acordo com
o seu pensamento. Competentes políticos nos quais pudesse depositar total
confiança para executar o seu ambicioso plano de governo: o saneamento e a
modernização da cidade do Rio de Janeiro.
Segundo Afonso Arinos de Melo Franco (1), a escolha de um ministério
que afirmasse o pensamento do estadista fora trabalho delicado, principalmente
pelos acontecimentos políticos decorridos no final do mandato presidencial de
Campos Salles, principalmente a escolha de um novo vice-presidente (o eleito
fora Silviano Brandão, falecido antes de tomar posse).
Rodrigues Alves fechara-se em sua cidade natal, consultando
um ou outro elemento da sua confiança, enquanto os boatos fervilhavam por todo
o país e que a imprensa da época ajudou a propalar, demonstrando por informes e
imagens como se dava tal espírito de disputa por um cargo ministerial. Vários
nomes foram cogitados, prevalecendo, porém, a vontade do presidente eleito, que
primeiro convidou o Barão do Rio Branco para ocupar a pasta das Relações
Exteriores.
A imagem acima atesta o cerco que se tentou fazer em torno
de Rodrigues Alves no período, utilizando-se da situação de viuvez do
Conselheiro, um dos motes explorados pela imprensa da época com o objetivo de
representar os perigos de um presidente sem companheira, oriundo de terras
caipiras. Além de completar com a ideia do que representava o jogo de poder no
período: uma verdadeira brincadeira como peões no tabuleiro de xadrez.
(1) FRANCO, Afonso Arinos de Melo. Rodrigues Alves: Apogeu e
Declínio do Presidencialismo. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora/São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1973. p. 204.
Imagem: Revista “O Malho” – nº 71 – 1902 – Acervo Biblioteca
Nacional.
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