terça-feira, 10 de abril de 2012

Uma obra de Paulo Pereira dos Reis

A série intitulada “Brasiliana”, publicada durante décadas pela Companhia Editora Nacional, foi baluarte na divulgação de estudos brasileiros, existindo entre as obras da coleção algumas raridades que jamais tiveram uma segunda edição. E o site Brasiliana Eletrônica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem se esforçado para disponibilizar para os internautas toda a coleção, contando atualmente com 119 obras disponíveis online (www.brasiliana.com.br ), nas áreas de formação histórica e social do Brasil, etnologia, folclore e brasilianistas, etc.
E dentre os mais de trezentos volumes publicados encontra-se a obra ensaística do historiador valeparaibano, Professor Paulo Pereira dos Reis, natural de Lorena e membro da Academia Paulista de História; que deixou um vasto repertório de publicações e inéditos sobre o Vale do Paraíba colonial.
Por essa obra, pouquíssima conhecida do público acadêmico e leigo, vê-se a importância e a seriedade do profissional que dedicou sua vida ao resgate da história, num tempo específico, pautada na verdade objetiva e na documentação inédita existente em vários arquivos do país. E que teve o reconhecimento além fronteiras por esse escrito intitulado: “O Colonialismo Português e a Conjuração Mineira”, volume 319, 1964.
O livro vem prefaciado por T.O. Marcondes de Sousa e apresentado por J.F. de Almeida Prado, (bibliófilo, historiador, jornalista e escritor paulista) com apêndice interessante sobre Tiradentes perante os historiadores, externando algumas opiniões colhidas pelo autor em inúmeras biografias, e uma carta de J.B. Mello Souza (Malba Tahan), com referências ao trabalho e os seus significados para os estudos históricos no que concerne a colonização portuguesa e as reações a ela adversas no século XVIII.
O autor parte do Mercantilismo europeu, explicando sua lógica e os interesses econômicos da burguesia no Renascimento e a busca de novos caminhos de enriquecimento em terras do Novo Mundo, passando pelas dificuldades de colonização do Brasil e o incipiente mercado de exploração do pau-brasil e o retorno governamental para as atividades agrárias. E dedica um capítulo especial do papel e sobreposição da Inglaterra sobre Portugal; bem como o período minerador no Brasil, no que concerne a espoliação exercida pela Coroa através dos regimes fiscais consolidados no século XVIII, culminando com a Inconfidência Mineira.
E por último, em especial, um capítulo interessante sobre a industrialização e a difusão da cultura no Brasil Colonial, colocando pontos específicos sobre as restrições impostas por Portugal na segunda metade do século XVIII ao comércio da colônia com outros centros importadores e que consideramos como importante item de pesquisa para o Vale do Paraíba, já que estudos nesse sentido são quase inexistentes, sobretudo nas suas consequências sobre a região.
Portanto, uma obra que merece uma reedição comentada e atualizada por especialistas da área de Brasil Colonial.  E que prova a urgente necessidade fazer um colóquio sobre sua contribuição para os estudos regionais e para a compreensão de suas ideias acerca da formação social do país pela ótica de estudos de casos e ensaios.

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