quarta-feira, 5 de maio de 2010

Escola Normal de Guaratinguetá - Imagens Reais de Uma Memória

A Escola Normal de Guaratinguetá produziu ao longo da sua existência memórias em distintos momentos e de contornos definidos e que nesse inicio de século ainda ecoam mescladamente em realidade e ficção.
Podemos considerar, para tanto, três elementos formadores dessa memória na população da cidade, que passa em primeiro lugar pelo sítio de sua localização (prédio atual da escola), enquanto algo palpável, definido e marcadamente pujante de uma época historicamente definida entre a decadência da economia do café, o comércio e a pecuária leiteira, no período em que houve uma forte urbanização do município e a sofisticação de seus instrumentos culturais, sociais e, em parte políticos.
Em segundo, pela consagração sócio-profissional do professor, dentro de um modelo de educação positivista atrelado ao ideal republicano brasileiro da classe dominante, que ainda perpetuava e legitimava a sociedade do século XIX, herdeira, por sua vez, do arcabouço colonial português. Eram novos caminhos baseados num velho modelo, para a manutenção do status quo da classe dos fazendeiros de café, mas que, ao mesmo tempo, possibilitou a ascensão de indivíduos oriundos de uma camada social com forte base na economia do comércio local. A atuação dos agentes escolares (docente e discente) nos limites físicos do prédio escolar e sua atuação posteriormente profissional, ensejou o surgimento de um ideal de educação e sucesso que extrapolou os limites territoriais de sua sede, desembocando numa outra memória que intitulou a cidade como a “Atenas do Vale”.
E, por último, a memória configurada numa espécie de lenda urbana, mas com elementos históricos originários da vida social brasileira da segunda metade do século XIX, a trágica história de vida de Maria Augusta de Oliveira Borges, filha do Visconde de Guaratinguetá, e o proprietário da chácara que foi desapropriada anos após a sua morte e de sua esposa, para ser a segunda sede da Escola Normal de Guaratinguetá (confira historiavaledoparaiba.blogspot.com) .
Nesse parâmetro, como forma de reviver um aspecto dessas múltiplas memórias da Escola Normal de Guaratinguetá, disponibilizamos algumas imagens do incêndio que destruiu, em 1916, o antigo prédio da escola, no mesmo local onde hoje se ergue o atual prédio, denominado Escola Estadual Conselheiro Rodrigues Alves.
As imagens originais fazem parte do processo policial instaurado em 27 de julho de 1916 para investigar as causas e os culpados pela ocorrência. Atualmente encontra-se no acervo judiciário de Guaratinguetá sob a guarda do Arquivo Memória de Guaratinguetá, do Museu Frei Galvão (Processos Criminais da Delegacia de Polícia de Guaratinguetá – Inquérito Policial sobre o Incêndio da Escola Normal)
A partir delas, como fonte histórica privilegiada, podemos aferir não apenas os vários instantâneos inerentes ao fato, mas também investigar e descobrir detalhes que podem nos dizer sobre os mais variados aspectos sociais e culturais do período, como uma espécie de exercício para a prática da micro-história através da imagem.

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