sábado, 14 de dezembro de 2019

Estátua do Conselheiro Rodrigues Alves


Na praça principal de Guaratinguetá existe o marco de um dos principais filhos da cidade, a estátua do Conselheiro Francisco de Paula Rodrigues Alves, Presidente da República entre 1902 e 1906.
A obra foi o resultado de uma campanha para dignificar e perpetuar a imagem do homem público que ocupou diversos cargos no Império e na República do Brasil, entre eles: Presidente da Província de São Paulo (1888), Ministro da Fazenda (1894-1896), Presidente do Estado de São Paulo (1900 e 1912-1916), entre outros.
A partir de 1921 foi constituída a Comissão Executiva do Monumento ao Conselheiro Rodrigues Alves, ficando como tesoureiro responsável Nero de Almeida Senna, titular do Cartório de Imóveis do município.
A inauguração ocorreu em 07 de julho de 1923 em solenidade festiva reunindo a sociedade local, alunos e autoridades.
Homero Sena (p. 242), no seu livro de memórias, “Um mineiro de Guaratinguetá”, transcreve a notícia publicada pelo jornal “Correio Paulistano” a respeito da obra e da solenidade de inauguração:
“Inaugurou-se ontem em Guaratinguetá, na principal praça desta cidade, a estátua do Conselheiro, mandada erigir em sua terra natal por subscrição pública entre os conterrâneos, amigos e admiradores do grande brasileiro. Todo o monumento, que é de bronze, sobre pedestal de granito, tem as seguintes dimensões: largura de meio fio, 4,60 m; largura da 1ª moldura, 3,80 m; altura, 4,60 m. O trabalho é da lavra do escultor Antônio Pinto de Matos... O ato inaugural revestiu-se de grande solenidade, precedendo a cerimônia missa campal rezada na própria praça, pela manhã, à qual assistiram as autoridades municipais e militares, a família do homenageado, corpos docentes e discentes dos estabelecimentos de ensino, além de grande multidão. A figura acha-se de pé, em atitude normal, apoiada a destra em uma coluna. A base assemelha-se a uma pirâmide de vértice truncado. Todo o vulto está envolto em riquíssima bandeira nacional, de seda e ouro, a mesma que lhe cobriu o esquife por ocasião do cortejo fúnebre, oferta do Governo do Estado. Na face fronteira ao pedestal lê-se a seguinte inscrição ‘Ao seu grande filho, Conselheiro Rodrigues Alves, Guaratinguetá. Na face oposta, os nomes de Rio Branco, Oswaldo Cruz e Pereira Passos, seus eficientes colaboradores no quadriênio em que exerceu a Presidência da República, circundados por uma coroa de loros”.
Na atualidade, a estátua, considerada patrimônio da cidade, tornou-se apenas um monumento figurativo imperceptível; objeto banal que os olhos não mais percebem pela rotina e agilidade da vida moderna. Tornou-se uma obra secundária ao ser construída em sua base uma espécie horrenda de chafariz geralmente seca ou, por vezes, a jorrar água colorida. O que é lamentável, pois trata-se de uma obra de arte ao ar livre. Uma cultura artística que caiu em desuso, mas que é representante de uma sociedade que deixou um imenso legado e faz parte da história da cidade. 


Imagem: Inauguração da Estátua de Rodrigues Alves (1923) In: SENNA, Homero. Um Mineiro de Guaratinguetá”, p. 255.

Referência Bibliográfica

SENNA, Homero. Um Mineiro de Guaratinguetá. Rio de Janeiro, Edição do Autor, 1974.

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